Passados os 40 dias da Quaresma, da Celebração da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, encontramo-nos naquele período de preparação para Pentecostes.
Com efeito, atesta o livro dos Atos dos Apóstolos: “É a eles que se manifestou vivo depois de sua paixão, com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas do Reino de Deus” (At. 1, 3). Poderíamos dizer que a cada dia da Quaresma (deserto, provações, dor, tentações, tribulações) corresponde a um dia desses quarenta em que Jesus apareceu para seus discípulos trazendo consolo, cura, restauração. A esses quarenta dias somam-se outros nove, em que os discípulos “internaram-se” no Cenáculo, preparando-se para Pentecostes.
Após a celebração da Instituição da Eucaristia e do Mandamento Novo, o Cenáculo, “onde costumavam permanecer” (At. 1, 13), passou a ser referência para os discípulos, um lugar de oração, de escuta da Palavra, da fração do Pão Eucarístico (At. 2, 42). Foi ali que receberam o Batismo no Espírito Santo.
Viveremos esse período pascal no Cenáculo. Quando você for orar, coloque-se nessa perspectiva. Queira subir ao “quarto de cima” (At. 1,13), como fizeram os discípulos, para deixar-se curar, restaurar e encher-se do Espírito Santo.
Os discípulos precisavam dessa comunicação de cura. O coração deles estava ferido. Traziam ainda as marcas da negação, da traição de Judas, do afastamento na hora da dor, da morte do Senhor, da ausência física de Jesus. O “vaso” que era cada um deles precisava ser restaurado para, então, ser cheio e poder transbordar. O Espírito Santo já estava agindo no Cenáculo, mesmo antes de Pentecostes, preparando cada um daqueles vasos.
Assim, também, com cada um de nós! Você é chamado a colocar-se diante do Senhor e deixar-se tocar, para que a Unção divina o torne verdadeiramente um discípulo, uma discípula de acordo com o coração do Mestre.
Para nossa vivência nesse ano, proponho uma jornada orante com 50 Salmos, sempre invocando o Espírito. É uma tradição antiquíssima da Igreja rezar os Salmos diariamente, a chamada Liturgia das Horas. Que santifiquemos nosso dia, sempre pedindo a inspiração do Espírito Santo e sua luz para podermos bem administrar as diversas situações que podem nos chegar, previsível ou imprevisivelmente, durante o dia. Mantenha sempre seu espírito elevado. Por isso, proponho a você a oração de pequenas jaculatórias que favorecem a mente a manter-se sintonizada em meio às atividades cotidianas.
Pai, obrigado por me acolheres como filho nesse Tempo de graça.
Jesus, antes de te entregares na Cruz por nossa salvação, levaste teus apóstolos ao Cenáculo e, ali, comunicaste a eles tantas promessas e dons. Tua Igreja, nascida da fonte do teu Peito Aberto na Cruz consolidou-se no Cenáculo, no dia de Pentecostes. No Cenáculo, aprendemos a ser Igreja, segundo o teu Santíssimo Coração.
Hoje, novamente, aqui me encontro. Quero abrir-me profundamente às promessas e dons que reservaste à tua Igreja e, como Igreja, a mim também. Assemelho-me aos teus discípulos. Sou, na verdade, mais fraco do que eles e tão necessitado como cada um deles. Também eu preciso ser restaurado, curado e liberto por teu amor.
Ó Espírito Santo, opera nas áreas profundas de meu ser. Quero colocar a serviço do Corpo Místico de Cristo, a Igreja, e do próximo o que tenho e o que sou. Faz de mim um instrumento de paz e transformação no mundo.
Mãe Santíssima, Nossa Senhora do Cenáculo, tu que foste habitação plena do Espírito Santo e que consagraste toda tua vida ao Senhor, intercede por mim e por toda a Igreja neste tempo de renovação. Amém.
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