33º Dia: 17 de março, domingo 

A ORAÇÃO E A VITÓRIA SOBRE O MAL 

“Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé. Vós sabeis que os vossos irmãos, que estão espalhados pelo mundo, sofrem os mesmos padecimentos que vós. O Deus de toda graça, que vos chamou em Cristo à sua eterna glória, depois que tiverdes padecido um pouco, vos aperfeiçoará, vos tornará inabaláveis, vos fortificará. A Ele o poder na eternidade! Amém.” (1Pd 5, 8-11) 

Reflita: Toda e qualquer oração que possamos fazer, pedindo ao Senhor que nos faça prevalecer sobre o mal é baseada na própria intercessão que Jesus fez e continua a fazer por nós.   

Aproximava-se o momento derradeiro de sua morte na cruz. Ele havia passado uma noite de intimidade com os seus, tendo lavado os seus pés, instituído a Eucaristia e o Mandamento Novo do Amor, comunicado o dom de sua paz, prometido o envio do Espírito Santo e declarado seu especial relacionamento de amizade com cada um deles. A última página, antes de entrar em agonia, estava, então, para ser escrita: como eterno Pontífice e Sacerdote, coloca-se diante do Pai, na intimidade que sempre vivera e ensinara, e põe-se a interceder por eles: “Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do mal” (Jo 17, 15. Confira todo o texto: Jo 17, 1-26).  

Por que alonguei-me um pouco na descrição dessa noite? Porque a chamada “Oração Sacerdotal” insere-se dentro de um contexto maior, não se constituindo como que uma “oração conclusiva” ou, até mesmo, num apêndice ao relado da Última Ceia; não, ela está inserida dentro de todo um mover de cuidado amoroso, inclusive na forma como Jesus já estava enfrentando a presença do mal entre eles, na brecha apresentada por Judas: “Jesus ficou perturbado em seu espírito e declarou abertamente: ‘em verdade, em verdade vos digo; um de vós me há de trair!…” (Jo 13, 21). A partir desse momento uma discussão se levantou entre eles, questionando quem seria, mas Jesus, ainda que perturbado, não reagiu intempestivamente. O texto relata que Judas ao tomar o pão embebido foi possuído por Satanás. Judas se retirou, mas os discípulos não entenderam o que estava acontecendo. Pensaram que ele tinha saído para fazer compras. O que vemos aqui? O enfrentamento do mal se dá também num contexto onde o amor é vivido e é no amor e com amor que precisa ser vencido. O mal cresce como o joio em meio ao trigo (Mt 13, 24-30) e nem sempre dá para ser arrancado de imediato, mas isso não significa que no momento da colheita não se faça a distinção entre um e outro.  

É preciso dizer, ainda, que a vitória sobre o mal não se faz com imprecações gritadas, mas na serenidade, autoridade e amor, como Jesus fez. Só assim o mal pode ser vencido. Perceba que assim decorreu durante toda a noite daquela Quinta-feira Santa, como vamos recordar em breve.  

Lembremos também que essa é uma súplica que está presente no Pai-Nosso, sendo uma indicação do próprio Jesus para nossa oração diária. O Catecismo da Igreja Católica nos fala sobre isso nos artigos 2850 a 2854. Destaco aqui dois deles: “Nesta petição, o Mal não é uma abstração, mas designa uma pessoa, Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus. O ‘Diabo’ (‘dia-bolos’) é aquele que ‘se atravessa’ no desígnio de Deus e na sua ‘obra de salvação’ realizada em Cristo. Ao pedirmos para sermos libertados do Maligno, pedimos igualmente para sermos livres de todos os males, presentes, passados e futuros, dos quais ele é autor ou instigador. Nesta última petição, a Igreja leva à presença do Pai toda a desolação do mundo. Com a libertação dos males que pesam sobre a humanidade, a Igreja implora o dom precioso da paz e a graça da espera perseverante do regresso de Cristo. Orando assim, antecipa na humildade da fé a recapitulação de todos e de tudo, n’Aquele que ‘tem as chaves da morte e da morada dos mortos’ (Ap 1, 18), ‘Aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso’ (Ap 1, 8): ‘Livrai-nos de todo o mal, Senhor, e dai ao mundo a paz em nossos dias, para que, ajudados pela vossa misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e de toda a perturbação, enquanto esperamos a vinda gloriosa de Jesus Cristo nosso Salvador’. 

Firme o seu coração em Deus. A luta é árdua, o inimigo é astuto, mas a vitória já foi conquistada em Cristo Jesus. Tenha essa consciência e ore com autoridade. 

Medite com Santo Afonso: “Dizia São Lourenço Justiniano que, pela oração, construímos uma torre fortíssima, onde estaremos livres e seguros de todas as insídias e violências dos inimigos. São fortes as potências do inferno, entretanto, a oração é mais forte do que todos os demônios, diz São Bernardo, e com razão, pois com a oração a alma consegue o auxílio divino, diante do qual desaparece todo o poder das criaturas. Assim animava-se Davi em seus desfalecimentos: ‘Invocarei o Senhor, louvando-O e livre serei de meus inimigos’ (Sl 17, 4). 

Reze: Sejas bendito, Senhor Jesus, por tua morte redentora na Cruz e pela vitória que operaste por nós sobre todo mal. Pai, livrai-nos todos do maligno e de todos os males. Ajudados pela vossa misericórdia sejamos livres do pecado e protegidos de todos os perigos do corpo, da alma e do espírito. A fim de que, guardando e cultivado a esperança, possamos aguardar a feliz esperança e a vinda de nosso Salvador, Jesus Cristo. Amém. 


34º Dia: 18 de março, segunda-feira 

A ORAÇÃO AO PAI  

“Eis como deveis rezar: PAI NOSSO…” (Mt 6, 9) 

Reflita: Estamos tão acostumados à oração do Pai-Nosso, a chamar a Deus de Pai que nem prestamos muito atenção ao profundo significado de tal invocação. É muito mais do que uma herança cultural ou um costume que chegou a nós; é tão maior do que nós, que só pode ser concedido por pura graça. E isso nos veio através de Jesus.  

“Nós podemos invocar Deus como ‘Pai’, porque Ele nos foi revelado pelo seu Filho feito homem e porque o seu Espírito no-Lo faz conhecer. A relação pessoal do Filho com o Pai, que o homem não pode conceber nem os poderes angélicos podem entrever, eis que o Espírito do Filho nos faz participar dela, a nós que cremos que Jesus é o Cristo e que nascemos de Deus. Quando oramos ao Pai, estamos em comunhão com Ele e com o seu Filho Jesus Cristo. É então que O reconhecemos num encantamento sempre novo. A primeira palavra da oração do Senhor é uma bênção de adoração, antes de ser uma súplica. Porque a glória de Deus é que nós O reconheçamos como ‘Pai’, Deus verdadeiro. Damos-Lhe graças por nos ter revelado o seu nome, por nos ter dado a graça de acreditar n’Ele, de sermos habitados pela sua presença” (CIC 2780-2781).  

Toda oração que fazemos a uma das pessoas divinas – ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo – é sempre trinitária. Quem vai ao Pai, só o pode fazer, por meio de Jesus, no Espírito Santo que “testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se somos filhos, também somos herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo. Se de fato sofremos com Ele, também com Ele seremos glorificados” (Rm 8, 16-17). Ainda que uma pessoa não tenha essa consciência ao orar, é sempre esse o movimento que se estabelece, pois Deus age sempre trinitariamente.  

Faça a experiência de orar apenas dizendo, lenta e conscientemente, PAI, MEU PAI, PAI NOSSO! Deixe-se embalar pela intimidade que Jesus tinha com o Pai. O Espírito Santo o levará a esse mergulho. E para fazer essa experiência é preciso se despir de todo orgulho, numa atitude de humildade reverente diante do mistério de amor revelado por Jesus: Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer: ‘Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar’” (Mt 11, 25-26). Quanto mais próximos de Jesus, mais próximos do Pai, mais envolvidos em seu amor e misericórdia. 

A oração conclusiva de nossa meditação hoje será o Pai-Nosso. Você, certamente, tem o costume de rezá-la diariamente, mas faça-o muito conscientemente, mergulhando em cada palavra, especialmente ao se dirigir ao Pai. 

Medite com Santo Afonso: “A virtude da esperança é tão cara a Deus que Ele declara achar a sua complacência nos que confiam nele. ‘O Senhor se agradou sempre nos que esperam em sua misericórdia’ (Sl 146, 11). Promete a vitória sobre os inimigos, a perseverança na sua graça e a glória eterna a quem espera e porque espera. ‘Porquanto em mim esperou livrá-lo-ei e glorificá-lo-ei’ (Sl 90, 14-15). ‘O Senhor os salvará, porque esperam nele’ (Sl 36, 40). ‘Guardai-me, Senhor, porque esperei em vós” (Sl 150). ‘Ninguém que esperou no Senhor foi confundido’ (Eclo 2, 10).” 

Reze: Pai Nosso que estais no céu, santificado seja o vosso Reino. Seja feita a vossa vontade, assim na terra, como no céu. O Pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.  


35º Dia: 19 de março, terça-feira 

A ORAÇÃO AO FILHO

*Dia de São José 

“Eu vos declaro: ninguém, falando sob a ação divina, pode dizer: ‘Jesus seja maldito’; e ninguém pode dizer: ‘Jesus é o Senhor’, senão sob a ação do Espírito Santo.” (1Cor 12, 3)  

Reflita: Nesse dia em que celebramos São José, não há como não nos remetermos à experiência de Jesus como Filho. O Filho muito amado do Pai e pelo Pai, é, verdadeiramente “filho de José”. Sempre me recordo de uma sábia alocução de meu confrade redentorista, Pe. Dalton Barros, C.Ss.R.: ‘Nós não temos dois psiquismos: um que ama as pessoas e outro que ama a Deus, um que vive as realidades humanas e outro que vive a vida em Deus”. Tenho plena convicção, com ele, que essa é a verdade. E se isso é o que acontece com cada ser humano, mostrando que tudo está em relação constante em nós, muito mais em Jesus, onde a natureza humana e divina são inseparáveis. Portanto, o mesmo amor que Ele devotou ao Pai, devotou também a São José. Não se trata de quantificar, mas da qualidade com que Ele amava e, consequentemente, com que amamos. Por isso, expressar nosso amor, nossa devoção a São José é nos aproximarmos muito de perto da realidade vivida por Jesus durante todo o tempo em que pôde conviver com seu pai nutrício, até sua morte. Seja, pois, devoto de São José.  

Acentuando um pouco mais o tema de nossa meditação de hoje, perceba como o versículo bíblico que nos inspira apresenta-nos, novamente, a perspectiva trinitária: só pela ação do Espírito Santo é que alguém pode confessar que Jesus é o Senhor, é Kyrios, é Deus. O mesmo Espírito, portanto, que testemunha ao nosso coração que somos filhos e que clama no nosso íntimo Abba, Pai, é quem nos leva a confessar Jesus como nosso Senhor e Salvador. Se, por um lado, é por Jesus que temos acesso ao Pai, é o mesmo Pai que nos atrai a Jesus: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu hei de ressuscitá-lo no último dia. Está escrito nos profetas: Todos serão ensinados por Deus (Is 54,13). Assim, todo aquele que ouviu o Pai e foi por Ele instruído vem a mim. Não que alguém tenha visto o Pai, pois só aquele que vem de Deus, esse é que viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna” (Jo 6, 44-47).  

Nessa interlocução constante de amor entre o Pai e o Filho, no Espírito Santo, é que podemos e devemos nos dirigir a Jesus em nossa oração. Imaginemos a convivência cotidiana dos discípulos com Jesus. Se sabemos que um dos aspectos da oração é uma conversa familiar com Deus, onde nós falamos e Deus nos escuta e Deus fala e nós escutamos, podemos dizer que todas as partilhas dos discípulos com o Mestre eram uma verdadeira oração. Sabemos, também, que nem sempre o que eles falavam e faziam era, como um todo, piedoso. Havia disputas, uma certa raiva, ciúmes, medos e assim por diante. Orar a Jesus é, pois, apresentar a Ele concretamente tudo o que você está vivendo, sentindo, pensando. Nada está censurado, até porque há muito a ser depurado. Tudo leve a Ele em oração. Não se preocupe com palavras bonitas ou meias palavras, afinal de contas Ele conhece todo o seu interior e sabe o que nele se passa. Sinta-se livre, mas não apenas para falar. É fundamental você aprimorar a escuta. Lembre-se disso! 

Medite com Santo Afonso: “Se é certo que, sem o socorro da graça, nada podemos, e se esse socorro é concedido por Deus unicamente aos que rezam, segue-se que a oração nos é absolutamente necessária para a salvação. Verdade é que há certas graças primeiras que são a base e o começo de todas as outras graças e que são concedidas sem a nossa cooperação, como, por exemplo, a vocação à fé, à penitência. No dizer de Santo Agostinho, Deus as concede mesmo a quem não as pede. Entretanto, quanto às outras graças, especialmente em relação à graça da perseverança, tem por certo o Santo Doutor que não são concedidas senão aos que pedem: ‘Deus dá algumas graças, como o começo da fé, mesmo aos que não pedem; outras como a perseverança, reservou para os que pedem.’” 

Reze: “Vós sois, ó Jesus, o Cristo, meu Pai santo, meu Deus misericordioso, meu Rei infinitamente grande. 

Sois meu bom pastor, meu único mestre, meu auxílio cheio de bondade, meu bem-amado de uma beleza maravilhosa, meu pão vivo, meu sacerdote eterno. 

Sois meu guia para a pátria, minha verdadeira luz, minha santa doçura, meu reto caminho, sapiência minha preclara, minha pura simplicidade, minha paz e concórdia. 

Sois, enfim, toda a minha salvaguarda, minha herança preciosa, minha eterna salvação… 

Ó Jesus Cristo, amável Senhor, por que, em toda a minha vida, amei, por que desejei outra coisa senão a Vós? Onde estava eu quando não pensava em Vós? 

Ah! Que, a partir deste momento, meu coração só deseje a Vós e por Vós se abrase, Senhor Jesus! 

Desejos de minha alma, correi, que já bastante tardastes; apressai-vos para o fim a que aspirais; procurai em verdade aquele que procurais. 

Ó Jesus, anátema seja quem não vos ama. Aquele que não vos ama seja repleto de amarguras. 

Ó doce Jesus, sede Vós o amor, as delícias, a admiração de todo coração dignamente consagrado à vossa glória. 

Deus de meu coração e minha partilha, Jesus Cristo, que em vós meu coração desfaleça, sede Vós mesmo a minha vida. 

Acenda-se em minha alma a brasa ardente de vosso amor e se converta num incêndio todo divino, a arder para sempre no altar de meu coração. 

Que inflame o íntimo do meu ser, e abrase o âmago de minha alma. 

Para que, no dia de minha morte, eu apareça diante de vós inteiramente consumido em vosso amor. Amém. (Santo Agostinho) 

“Salve, guardião do Redentor e esposo da Virgem Maria. A vós, Deus confiou o seu Filho; em vós, Maria depositou a sua confiança; convosco, Cristo tornou-Se homem. Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-nos no caminho da vida. Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem, e defendei-nos de todo o mal. Amém.” (Papa Francisco, Patris Corde) 


36º Dia: 20 de março, quarta-feira 

A ORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO 

“Disse-vos essas coisas enquanto estou convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, irá ensinar-vos todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito.” (Jo 14, 26) 

Reflita: Não estamos sozinhos. Você não está sozinho! Jesus disse que o Espírito Santo estará conosco e em nós. Doente? Sua dor é partilhada com o Consolador! Solitário?  O Divino Companheiro está junto de você. Com medo? Aquele que dá coragem guia você. Confuso? A Sabedoria do alto o ilumina. Perdido? O Mestre interior o guia. Cansado? A força do alto o renova. Indeciso? A luz do Divino Instrutor o ajudará a discernir. Então, por que não buscar Aquele que é o Prometido? Por que não invocar Aquele que está sempre presente? Por que não confiar n’Aquele que continuamente está com você? Quanta paz, quanta força, quanta luz perdemos por não conversarmos diariamente com o Espírito Santo. 

Desde adolescente fui despertado para a presença do Espírito Santo. Confesso que não foi na minha Paróquia de origem. Alguns vizinhos de uma Igreja evangélica serviram como exemplo para mim na sua dedicação, fervor e pregação da Palavra. Mas, já nessa época, eu tinha para mim que não era o caso de sair da Igreja Católica para conhecer mais a Bíblia e experimentar o poder do Espírito Santo. Assim começou minha jornada à procura da experiência dos Atos dos Apóstolos. Foi quando, três anos após, já tendo conhecido por livros a experiência carismática na Igreja Católica, eu participei, com meus dezoito anos, de um Grupo de Oração e confirmei que a graça de Pentecostes é uma promessa real também para nossos dias. Essa experiência deu um rumo definitivo – talvez possa assim dizer – à forma como me relaciono com Deus.  

E eu sei o quanto preciso do Espírito Santo, pois sou fraco e incapaz por mim mesmo. A antiga versão da música “A nós descei, Divina Luz” toca-me muito: “Sem vós, Espírito Divino, cegos, só podemos errar e no mais triste desatino, no mais profundo abismo, sem fim, sem fim, penar”. É uma letra forte não muito simpática à nossa sensibilidade atual, mas é isso mesmo: sem o Espírito Santo ficamos cegos! 

Por fim, lembro o que diz o Catecismo da Igreja Católica: “O Espírito Santo, cuja unção impregna todo o nosso ser, é o mestre interior da oração cristã. É o artífice da tradição viva da oração. Há, é certo, tantos caminhos na oração como orantes; mas é o mesmo Espírito que age em todos e com todos. É na comunhão do Espírito Santo que a oração cristã é oração na Igreja” (CIC, 2672). 

Comece seu dia, pedindo a luz do Espírito Santo para acompanhar você na sua jornada diária. Torne-se amigo d’Aquele que é o seu mais íntimo amigo! 

Medite com Santo Afonso: “Diz o Apóstolo São Tiago que, quem deseja as graças divinas, deve pedi-las não duvidando, mas com a firme certeza de obtê-las: ‘Peça com fé, sem hesitação alguma!’ (Tg 1, 6). Nada receberá, se duvidar: Quem duvida é semelhante à onda do mar, que é levada de uma para outra parte pela violência do vento; não pense, pois, que alcançará alguma coisa do Senhor”. 

Reze: “Espírito Santo, Consolador divino, eu vos adoro como meu verdadeiro Deus,  
com Deus Pai e Deus Filho. Uno-me também à inspiração que recebo dos anjos e santos. Dou-vos o meu coração e ofereço minha gratidão por toda a graça que nunca deixais de me conceder. Ó doador de todos os dons sobrenaturais, que enchestes a alma da Virgem Maria, Mãe de Deus, com imensos favores, rogo que me visiteis com vossa graça e amor. Que me concedais o dom do Santo Temor, para que possa agir em mim impedindo-me de voltar aos pecados pelos quais já pedi perdão. Concedei-me o dom da Piedade, para que eu possa servir-vos com mais fervor e seguir com mais disponibilidade as vossas santas inspirações, e observar os preceitos divinos com maior fidelidade. Concedei-me o dom da Ciência, para que eu possa conhecer as coisas de Deus e, iluminado pelo vosso Santo Ensinamento, possa andar sem me desviar do caminho da Salvação Eterna. Concedei-me o dom da Fortaleza, para que eu possa vencer com coragem todos os assaltos do diabo, e todos os perigos deste mundo, que ameaçam a salvação da minha alma. Concedei-me o dom do Conselho, para que eu possa escolher o que é mais favorável ao meu progresso espiritual e para que eu descubra as ciladas e armadilhas do tentador. Concedei-me o dom do Entendimento, para que eu possa compreender os mistérios divinos e pela contemplação das coisas celestiais, possa separar meus pensamentos e afeições das coisas neste miserável mundo. Concedei-me o dom da Sabedoria, para que eu possa dirigir corretamente todas as minhas ações, referindo-se a Deus como o meu fim,  para que, tendo-O amado e servido nesta vida, tenha a felicidade de possuí-lo eternamente. Amém.” (Santo Afonso) 


37º Dia: 21 de março, quinta-feira 

OS ANJOS E A ORAÇÃO   

“A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus. Depois disso, o anjo tomou o turíbulo, encheu-o de brasas do altar e lançou-o por terra; e houve trovões, vozes, relâmpagos e terremotos. Então os sete Anjos, que tinham as trombetas, prepararam-se para tocar.” (Ap 8, 4-6) 

Reflita: Uma das primeiras orações que se costuma aprender em um lar cristão é o “Santo Anjo”. Que oração singela e que evoca esse companheiro colocado por Deus junto de nós para nos acompanhar até que cheguemos ao céu. “Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida”, diz São Basílio. Digamos que durante a vida, nosso Guardião Celeste nos vai guardando para a Vida plena. 

“O Catecismo da Igreja Católica afirma a existência dos anjos, como ‘verdade de fé’ testemunhada pela Escritura e pela Tradição (328), e a sua ‘criação do nada’ (327). Especifica a identidade deles como criaturas espirituais, dotadas de inteligência e vontade e superiores às criaturas visíveis (330). Expõe a missão dos anjos como servidores e mensageiros de Deus e fiéis executores de suas ordens (329). Destaca e acentua a relação dos anjos com o mistério de Cristo (331). A centralidade de Cristo tem dois motivos: a) os anjos e toda a criação foram criados por meio (dele) d’Ele e para (ele) Ele, b) os anjos são mensageiros dos desígnios de salvação de Cristo” (Arquidiocese de São Paulo). 

Há um livro antigo, esgotado, lançado pela Editora Louva-a-Deus intitulado “O mundo invisível dos Anjos e Demônios” que muito me marcou quando o li na década de 90 e que me fez ainda mais consciente dessa dimensão invisível na qual estamos imersos, mesmo sem o percebermos, e com a qual interagimos. Vale a pena você conhecer tal livro, quem sabe procurando-o em um sebo.  

Desde então, não apenas li outras obras, mas tornei-me muito devoto dos Santos Anjos e Arcanjos, além da ciência que tive de como os outros Coros Angelicais também participam de nossa vida. Muito especialmente tornei-me devoto de São Miguel Arcanjo. 

A Bíblia está cheia de exemplos da presença desses seres que não só estão presentes invisivelmente, mas que até se manifestam em inspirações, sonhos, aparições e, mesmo, assumindo, em algumas circunstâncias, a forma física. Um dos estudiosos mais renomados sobre os Anjos e seu ministério foi São Tomás de Aquino. “Os anjos ainda continuam a exercer influência hoje? Aquino diz que sim. Ele diz, por exemplo, que um anjo pode brilhar a luz de seu intelecto sobre um intelecto humano específico e aumentar os poderes cognitivos desse humano. Desta forma, os anjos podem aconselhar e liderar as pessoas e não são apenas os profetas e apóstolos inspirados que podem desfrutar dos benefícios das iluminações angelicais. As pessoas hoje também podem, rezando por luzes angelicais. Outro exemplo é a liturgia. Costuma-se dizer que os anjos estão presentes na Santa Missa. De que forma eles estão presentes? Os anjos influenciam o povo numa determinada liturgia que se celebra numa determinada igreja, a fim de dispor o povo a entrar mais profundamente na oração e preparar o povo para uma fecunda comunhão sagrada” (The Thomistic Institute). 

Perceba, pois, como os Anjos estão próximos. Tornar-se amigo deles fará você, ainda mais, crescer em sua vida com Deus, preparando-o para uma comum convivência com eles no Céu. Você pode e deve rezar aos Anjos. E seja ciente de que eles darão muitos sinais de que estão cuidando zelosamente de você, em nome de Deus. 

Medite com Santo Afonso: “Nas trevas, nas misérias e nos perigos em que nos achamos, não temos nenhum outro em quem fundar nossas esperanças, senão levantar nossos olhos a Deus e pela oração impetrar de sua misericórdia a nossa salvação. ‘Como não sabemos o que devemos fazer, dizia o rei Josafá, não nos resta outro meio do que levantar nossos olhos para vós’ (2Cr 20, 12)”. 

Reze: Celeste amigo, eu te saúdo! Tu me acompanhas desde o dia de meu nascimento. Eu te amo, por tua constância e o tempo que me dedicas. Eu te agradeço, porque tua vida só tem uma meta: servir. Eu te agradeço, porque és parte do poder de Deus, expressão de Seu Amor. Divino aliado, faz com que eu possa compreender que nunca estou sozinho. Que eu vença a tristeza, o mau humor, a depressão, com a simples invocação da tua presença. Que eu possa superar meus medos, confiando em teu amparo. Que eu elimine os sentimentos negativos, sabendo que estás sempre do meu lado para me apoiar quando desperto meu desejo para o bem. Permite que eu olhe tua face para esquecer o passado, confiar no futuro e, por um momento, viver meu presente, esse eterno “agora” que é a forma humana de abordar o infinito. Invisível companheiro, que eu seja capaz de sentir tua presença na minha vida, para te compreender e amar cada dia mais. Amém. 


38º Dia: 22 de março, sexta-feira 

ORAÇÃO E DISCIPLINA 

“Nas corridas de um estádio, todos correm, mas bem sabeis que um só recebe o prêmio. Correi, pois, de tal maneira que o consigais. Todos os atletas se impõem a si muitas privações; e o fazem para alcançar uma coroa corruptível. Nós o fazemos por uma coroa incorruptível. Assim, eu corro, mas não sem rumo certo. Dou golpes, mas não no ar. Ao contrário, castigo o meu corpo e o mantenho em servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de eu ter pregado aos outros.” (1Cor 9, 24-27) 

Reflita:  O inventor da lâmpada incandescente, dentre outras muitas invenções, e grande empreendedor estadunidense, Thomas Edison dizia: “O sucesso é constituído de 10% de inspiração e 90% de transpiração”. É uma oportuna recomendação para todos que têm algum projeto, inclusive nossos projetos eclesiais. Mas eu o citei aqui em vista do tema de hoje, onde somos chamados a refletir sobre a disciplina na oração. É claro que se não houver os 10% de inspiração os projetos cairão no lugar comum. Aplicado o ditado à vida de oração, a inspiração corresponde à Graça de Deus, mas exigirá sempre nosso empenho pessoal. Deus não fará o que compete a nós fazer.  

As pessoas costumam dizer que está na Bíblia: “Faça a sua parte que Eu te ajudarei”. Literalmente não está na Bíblia, mas corresponde muito bem ao espírito bíblico. Faz-nos lembrar um outro adágio, dessa vez atribuído a Santo Inácio de Loyola e, igualmente, aplicável ao que meditamos: “Trabalha como se tudo dependesse de ti e confia como se tudo dependesse de Deus”. Perceba que tudo isso se conjuga numa direção: a oração é graça – é fruto da ação do Espírito em nós – mas a vida de oração é também disciplina – exige nossa correspondência, nosso esforço.  

A começar pelo tempo que dedicamos ou não para estar com Deus. Esta, sem dúvida, é a disciplina mais básica: separar tempo para estar com Deus. Outro dia, numa partilha com meu irmão e amigo, Pe. Gilson, numa capelinha na sua casa, sentados em duas poltronas, ele ainda me dizia que por vezes senta-se ali, olha para o sacrário e até costuma cochilar. Mas ele separou aquele tempo para Deus. O cochilo vem do cansaço. Não foi um tempo para o cochilo, mas para a oração, não obstante o cochilo acontecesse.  

A disciplina, tanto no tempo que é separado para a oração – e ter um horário fixo ajuda muito – como em outros recursos como a prática do jejum, da respiração, do relaxamento, do silêncio são todos facilitadores para nos predispor interiormente à convivência íntima com Deus. Aliada a cada um desses facilitadores, eu diria, está a meditação diária da Palavra de Deus. Costumo até dizer nas minhas pregações que vez por outra alguém vem pedir uma bênção para um vestibular ou concurso que irá prestar. Eu logo pergunto se tem estudado bastante e concluo dizendo: porque, se não, o Espírito Santo não terá nem conteúdo para iluminar; a mente estará vazia. Da mesma forma, em nossa vida íntima e de combate espiritual, o Espírito Santo não terá o que iluminar ou capacitar se não encontrar a Palavra em nosso interior. Um bom exemplo para isso está no retiro de quarenta dias que Jesus fez, antes de iniciar sua missão (Lc 4, 1-13). A disciplina começou no jejum e na Palavra das Escrituras. Foi assim que Ele venceu as tentações: na força da Palavra. 

É importante, ainda, lembrar que a prática da caridade também faz parte da disciplina, porque sem caridade nos assemelhamos a um bronze que soa ou ao címbalo que retine (1Cor 13, 1), ou seja, toda nossa prática orante, litúrgica será apenas barulho religioso. A caridade gera desprendimento e nos ajuda a alcançar uma maturidade espiritual cada vez mais relevante, sendo expressão da nossa confiança no cuidado de Deus para conosco e do amor concreto ao próximo. E caridade verdadeira sempre implica um senso de justiça. 

Examinemo-nos, ao chegar nos dias finais de nosso Caminho Quaresmal: como está minha disciplina na vida de oração? Percebo que se não houver uma correspondência da minha parte, não poderei crescer na intimidade com Deus? Que graça peço pois, em vista disso? 

Medite com Santo Afonso: “Não devemos desprezar os outros por terem caído e nós não; pelo contrário, quando virmos outros caírem, julguemos que somos piores de todos e digamos ao Senhor: Se não me tivésseis ajudado, Senhor, eu teria feito pior ainda. São Filipe, desde o primeiro momento em que despertava, dizia a Deus: ‘Senhor, protegei-me hoje, senão vos trairei e venderei!’” 

Reze: Quero me comprometer contigo, Senhor. Sei que aquilo que me couber fazer, terei de ser eu a fazê-lo, mas sempre com o auxílio de tua graça. Mas eu sei que meu querer é extremamente fraco, por isso, peço que me socorras com o teu poder. Amém.  


39º Dia: 23 de março, sábado 

A ORAÇÃO DO PAI-NOSSO 

“Eis como deveis rezar: PAI NOSSO, que estais no céu, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.” (Mt 6, 9-13) 

Reflita:  A oração do Pai-Nosso, mais do que uma fórmula a ser recitada é uma forma de vida, um programa que o Mestre nos deixou para nos relacionarmos com Deus, com as coisas materiais, com o próximo e nosso próprio eu. É como se nos colocássemos na intercessão dos dois braços da Cruz redentora: a verticalidade que aponta para o alto (Deus) e aquela que se aprofunda na terra (o Eu); a horizontalidade que liga um lado (o mundo, as coisas materiais) e o outro lado (o próximo). 

Todo o Evangelho de Jesus, toda sua pregação e ação messiânica estão reunidos de um jeito orante no Pai-Nosso. Ali, a prática e o ensinamento do Mestre se concentram para entregar aos discípulos – os renascidos pela Graça do Batismo – um jeito novo de viver. Quando vai se  conhecendo o Evangelho, percebe-se claramente como isso se dá em cada encontro, palavra e atitude do Senhor. E não é apenas uma oração ensinada por Jesus, mas rezada por Ele! Dá para perceber como é profunda essa oração e como devemos rezá-la de uma forma muito reverente? 

Recordo-me do Cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo, Arcebispo de Belo Horizonte – já falecido – que costumava falar dos três “Ps” do Pai-Nosso: o Pai, o Pão e o Perdão! Essas são as três invocações que desembocavam, como um rio de graça, na celebração da Eucaristia, num quarto “P” que também pedimos um pouco à frente, logo após rezar o Pai-Nosso: a Paz! Quem toma consciência de que é filho do Pai do Céu, com Ele vive essa relação filial e, consequentemente, tem na pessoa do outro, um irmão que deve ser amado e cuidado; igualmente é livre diante das coisas, não se deixando prender e sabe repartir o que é e o que tem com o outro – o Pão; e também exerce o amor, numa de suas realidades mais desafiantes: o Perdão. À medida que se vai crescendo nessa consciência, o discípulo recebe força para vencer as tentações que certamente aparecerão no caminho e será capacitado a vencer o maligno que “anda ao redor, como um leão a rugir, buscando a quem devorar” (1Pd 5, 8).  

A Segunda Seção do Catecismo da Igreja Católica discorre exatamente sobre a “Oração do Senhor”, nos parágrafos 2759 a 2865. Vale a pena você ler e meditar sobre o que ali está dito. Apenas trazendo um trecho para nossa meditação: “A oração dominical é verdadeiramente o resumo de todo o Evangelho. Depois de o Senhor nos ter legado esta fórmula de oração, acrescentou ‘Pedi e recebereis’ (Jo 16, 24). Cada um pode, portanto, dirigir ao céu diversas orações segundo as suas necessidades, mas começando sempre pela oração do Senhor, que continua a ser a oração fundamental. A expressão tradicional ‘oração dominical’ (isto é, ‘oração do Senhor’) significa que a prece dirigida ao nosso Pai nos foi ensinada e legada pelo Senhor Jesus. Tal oração, que nos vem de Jesus, é verdadeiramente única: é ‘do Senhor’. Efetivamente, por um lado, nas palavras desta oração o Filho Único dá-nos as palavras que o Pai Lhe deu: Ele é o mestre da nossa oração. Por outro lado, sendo o Verbo encarnado, Ele conhece no seu coração de homem as necessidades dos seus irmãos e irmãs humanos e no-las revela: Ele é o modelo da nossa oração. Mas Jesus não nos deixa uma fórmula para ser repetida maquinalmente. Como em toda a oração vocal, é pela Palavra de Deus que o Espírito Santo ensina os filhos de Deus a orar ao seu Pai. Jesus dá-nos, não somente as palavras da nossa oração filial, mas também, ao mesmo tempo, o Espírito pelo qual elas se tornam em nós ‘espírito e vida’ (Jo 6, 63). Mais ainda: a prova e a possibilidade da nossa oração filial é que o Pai «enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho que clama: ‘Abbá! ó Pai!’ (Gl 4, 6). Uma vez que a nossa oração traduz os nossos desejos diante do Pai, é ainda ‘Aquele que sonda os corações’, o Pai, que ‘conhece o desejo do Espírito, porque é de acordo com Deus que o Espírito intercede pelos santos’ (Rm 8, 27). A oração ao nosso Pai insere-se na missão misteriosa do Filho e do Espírito” (CIC 2761. 2765-2766). 

Bendito seja Deus por essa maravilhosa dádiva que nos foi legada: podermos invocar nosso Deus como Pai e com as Palavras do próprio Filho Amado. Faça, pois, isso conscientemente e você perceberá como um “simples Pai-Nosso” pode dar um novo dinamismo em sua vida de oração. 

Medite com Santo Afonso: “Escreve São Bernardo que a divina misericórdia é uma fonte imensa; e nós apanhamos as graças com os vasos da confiança; quem vier com um vaso maior poderá tirar maior número de graças. ‘Só nos vasos da confiança o Senhor deita o azeite de sua misericórdia’. E já, antes, dissera o Profeta: ‘Venha, Senhor, sobre nós a vossa misericórdia, assim como temos esperado!’ (Sl 32, 22)”. 

Reze: Ó Santíssimo PAI-NOSSO: Criador, Redentor, Consolador e Salvador nosso. 

QUE ESTAIS NOS CÉUS: nos anjos e nos santos; iluminando-os para o conhecimento. Porque Tu, Senhor, és luz, inflama-os para o amor; porque Tu, Senhor, és amor, neles habitando e os plenificando para a bem-aventurança; porque Tu, Senhor, és o sumo bem eterno, do qual procede todo o bem, sem o qual nenhum bem existe. 

SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME: torne-se clara em nós a tua noção para que  conheçamos qual seja a extensão dos teus benefícios, o comprimento das tuas promessas, a sublimidade da majestade e a profundidade dos juízos. 

VENHA A NÓS O VOSSO REINO: para que Tu reines em nós pela graça e nos faças chegar ao teu Reino onde manifesta é a visão de Ti, perfeita a dileção, bem-aventurada a comunhão e sempiterna a fruição. 

SEJA FEITA A VOSSA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU: que te amemos de todo o coração, sempre pensando em Ti, sempre te desejando de toda a alma, de toda a mente; dirigindo a ti todas as nossas intenções, em tudo buscando a tua honra e, com todas as nossas forças, investindo as nossas energias e os sentidos da alma e do corpo, em obséquio do teu amor e nada mais. E que amemos o nosso próximo como a nós mesmos, atraindo, quanto possível, todos ao teu amor; alegrando-nos pelos bens dos outros como pelos nossos e, dos males deles nos compadecendo e a ninguém causando dano algum. 

O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE: o teu dileto Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, dá-nos hoje: na memória, inteligência e na reverência do amor que teve para conosco e daquelas coisas que por nós disse, fez e sofreu. 

PERDOAI-NOS AS NOSSAS OFENSAS: pela tua inefável misericórdia, pela virtude da Paixão do teu dileto Filho e pelos méritos e pela intercessão da beatíssima Virgem e de todos os teus eleitos. 

ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS A QUEM NOS TEM OFENDIDO: e o que nós não perdoamos plenamente, faz-nos Tu, Senhor, perdoar plenamente para que, por tua causa, amemos de verdade os inimigos e por eles intercedamos devotamente junto de ti, não retribuindo nenhum mal e nos empenhemos para, em tudo, frutificar em ti. 

E NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO: oculta ou manifesta, repentina ou importuna. 

MAS LIVRAI-NOS DO MAL: passado, presente e futuro. 

Amém. 


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Padre Sérgio Luiz e Silva
Natural de Juiz de Fora, formado em Filosofia pela Universidade Federal de Juiz de Fora e em Teologia pelo ISI (Instituto Santo Inácio) de Belo Horizonte. Padre, membro da Congregação Redentorista. Tendo atuado como missionário na região de Montes Claros, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Juiz de Fora. Atualmente, é pároco na Paróquia Santo Afonso, no bairro Tijuca, no Rio de Janeiro. Radialista, já atuou nas Rádios Carioca e Catedral (Rio de Janeiro), América (Belo Horizonte), Catedral (Juiz de Fora). Atualmente, apresenta programas nas Rádios Catedral do Rio de Janeiro e Juiz de Fora. É autor de seis livros e diversas publicações.