[21º dia – Domingo, 19 de março]
PRÁXIS: O EXEMPLO DE SÃO JOSÉ
*** Dia de São José ***
Medite: Mateus 1, 19-25
Reflita: De forma direta e simples, o termo práxis provém do grego e diz respeito à prática, ação, conduta. Costuma ser usado para fazer alusão ao processo pelo qual uma teoria passa a fazer parte da experiência vivida. Ele tem outras conotações filosóficas, mas que não nos interessa no momento. Ao trazer esse termo hoje, no dia de São José, podemos relacioná-lo muito de perto daquilo que foi José: um homem além das teorias, engajado na prática do Reino e do seu amor. O Evangelho o chama de “justo” no seu proceder e no seu trabalho. Não era um doutor do templo, versado na letra das Escrituras, mas tinha o perfil dos patriarcas na sua fidelidade a Deus. Com seu trabalho, sustentava Maria e Jesus; com seu exemplo, conduzia o divino filho nas sendas do Pai.
São José lembra-nos tantos valorosos homens, pais, trabalhadores, como meu próprio pai que tem essa marca do trabalho, da fé e da verdade. Sob a bênção de São José estejam nossas famílias, nossos pais e todos os que, honestamente, ganham o seu pão cotidiano. Que olhemos para nossa práxis e examinemos se apresenta essas características vividas e cultivadas por São José.
Reze: Reze hoje o Terço de São José
- Nas contas grandes:
Meu glorioso São José, nas vossas maiores aflições e tribulações, não vos valeu o anjo do Senhor? Valei-me, São José!
- Nas contas pequenas:
Valei-me, São José.
- No fim, reze este oferecimento:
“A vós, glorioso São José, ofereço este terço em louvor e glória de Jesus e Maria, para que seja minha luz e guia, minha proteção e defesa, minha fortaleza e alegria em todos os meus trabalhos e tribulações, principalmente na hora da agonia. Pelo nome de Jesus, pela glória de Maria, imploro o vosso poderoso patrocínio, para que me alcanceis a graça que tanto desejo. Falai em meu favor, advogai a minha causa no Céu e na Terra. Alegrai a minha alma para honra de Jesus, de Maria e vossa. Amém.”
Para guardar: “José, esposo de Maria, era um homem de bem.” (Mt 1, 19)
Pratique: Seja uma pessoa de confiança e transmita confiança ao outro.
[22º dia – Segunda, 20 de março]
PRÁXIS: AS OBRAS QUE ATESTAM A FÉ
Medite: Tiago 2, 14-26
Reflita: O texto do apóstolo Tiago é autoexplicativo. De uma clareza meridiana que dispensaria qualquer comentário. A práxis é assim. Ela é transparente quando brota de uma alma transparente. É claro que nada tem a ver com aqueles que usam de uma determinada prática para manipular a benevolência das pessoas, como aqueles políticos ou pessoas com pretensões políticas que começam a se dedicar a Obras Sociais, visando chamar a atenção para si mesmos, e não tendo como real objetivo ajudar o próximo. Não se pautam naquilo que Jesus diz: “Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu. Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita” (Mt 6, 1-3).
Seja bom e não se preocupe se as pessoas se importam ou não com isso. O que Jesus prometeu irá se cumprir. Não se iluda com o aparente sucesso dos manipuladores. Tudo isso ficará para trás, afinal, da vida a gente só leva a vida que a gente leva.
Reze: Senhor, no silêncio deste dia que amanhece, venho pedir-te paz, a sabedoria, a força. Quero olhar hoje o mundo com olhos cheio de amor. Quero ser paciente, compreensivo, manso e prudente. Quero ver além das aparências teus filhos como Tu mesmo os vês e, assim, Senhor, não ver senão o bem em cada um deles. Fecha meus ouvidos a toda calúnia. Guarda minha língua de toda maldade. Que só de bênçãos se encha meu Espírito. Que eu seja tão bom e tão alegre que todos aqueles com quem eu me encontrar sintam tua presença em mim. Reveste-me de Tua beleza, Senhor, e que, no decurso deste dia, eu te revele a todos! Amém.
Para guardar: “Mostra-me a tua fé sem obras que eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.” (Tg 2, 18)
Pratique: Esmere-se na prática do amor fraterno e na solidariedade. Separe o quanto você puder de alimentos não perecíveis para ajudar as famílias que mais precisam.
[23º dia – Terça, 21 de março]
PERTENÇA: TEM QUE VESTIR A CAMISA
Medite: 1Coríntios 3, 9-23
Reflita: Por vezes me surpreendo como alguns católicos, que até servem em nossas Comunidades, parecem que a primeira religião que têm é o time de futebol que torcem. São sócios torcedores e colaboram com seus times; pagam por ingressos caros em alguns jogos; ficam horas em uma fila, se for preciso, para garantir um bom lugar; viajam longas distâncias com gastos nada pequenos para assistirem aos jogos… E na hora do serviço? Estão sempre ocupados para uma tarefa ou tempo extra; não oferecem o Dízimo ou dão uma quantia ínfima; para fazer um retiro, sempre acham caro demais. E assim por diante. A quem realmente pertence seus corações? A Deus e à Comunidade de fé? A prática indica algo bem diferente.
Talvez alguns conheçam a antiga propaganda do Gelol que tinha o seguinte mote: “Não basta ser pai, tem que participar”. Não basta dizer que se é cristão, que ama a Comunidade, que a ela pertence; tem que vestir a camisa por inteiro, tem que realmente participar.
Já que fiz um comparativo com time de futebol, você tem vestido a camisa de Cristo? Tem investido – de fato – o seu melhor? Pertence só na teoria ou na prática concreta à Igreja?
Está na hora de renovar sua pertença a Cristo e à sua Comunidade de fé!
Reze: Quero me comprometer contigo, Jesus. Pelo Batismo, fui admitido à tua Família. Tens me dado o melhor, tens me dado a ti mesmo, sobretudo na Eucaristia que recebo. Vou dar o meu melhor no meu tempo e nas minhas energias, no meu serviço e nos meus bens, no meu amor e na solidariedade. Amém.
Para guardar: “Tudo é vosso! Mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus!” (1Cor 3, 23)
Pratique: Se você não é dizimista, está na hora de você dar esse passo. Se você já é, qual foi a última vez que reajustou o que você oferece?
[24º dia – Quarta, 22 de março]
PERTENÇA: NAS MÃOS DO PAI
Medite: João 10, 22-30
Reflita: Se você pertence a Deus e vive em aliança com Ele, saiba que todo o cuidado dele se manifestará em sua vida, como o pastor que não deixa que nada nem ninguém arranque de suas mãos suas ovelhas. Essa é uma experiência do espírito, da fé e não da evidência clara. Pode ser que em alguns momentos você passe por experiências agudas de desamparo, abatimento e tristeza, como o próprio Jesus passou, mas elas são provisórias. Sua vida está escondida, por Cristo, no Pai. Sua mente pode dizer o contrário, o inimigo vai tentar lhe convencer do contrário, mas essa é a hora da fé, de você renovar sua consciência profunda de pertença a Deus.
Perceba que no texto que estamos meditando hoje, as pessoas perguntaram a Jesus: “Até quando nos deixarás na incerteza? Se Tu és o Cristo, dize-nos claramente” (Jo 10, 24). Mas Ele não respondeu na base da evidência e, sim, da fé. Você pertence a Ele, você está seguro nas seguras mãos de Jesus!
Reze: Por me criares, me amares, me salvares, eu te dou graças. Por estar guardado, selado e amparado em tuas mãos, eu te dou graças. Mas pela falta de fé, que por vezes me abate, diante de tuas promessas, eu te peço perdão. Ajuda-me. Renova minha fé. Amém.
Para guardar: “Ninguém as pode arrebatar da mão do Pai” (Jo 10, 29)
Pratique: Acorde um pouco mais cedo para fazer um momento de oração.
[25º dia – Quinta, 23 de março]
PUREZA: UMA ATITUDE INTERIOR
Medite: Tiago 3, 13-18
Reflita: Há aqueles que quando se fala de pureza, logo a relacionam à sexualidade, como se fosse a única e determinante área de nossa vida. Quantos há que são ciosos na observação de uma pureza quase inumana nesse aspecto e são pouco caridosos, mesquinhos, preconceituosos e egoístas. Como em todos os demais aspectos da vida cristã, também a pureza tem que ser vista desde uma perspectiva de integralidade. O texto de Tiago nos leva nessa direção: se a pessoa se entrega às contendas, ciúmes e inveja, está se afastando da verdadeira sabedoria do alto que é pura, conscienciosa, capaz de aceitar e ajudar o outro nas suas dificuldades.
Como se costuma dizer “não querendo falar nada, mas já falando”, não é o que acontece em relação aos sacerdotes? Quem é que vai a um sacerdote esperando que ele brigue, seja severo e não o aceite? Todos esperam empatia, compreensão, aceitação, misericórdia. Mas não é difícil de encontrar alguns que são os primeiros a julgar, condenar e até “executar” a pena dos erros cometidos. Seria essa a “pureza de costumes” que Deus espera de nós? Foi assim que Jesus agiu?
Reze: Dá-me, Senhor, um coração semelhante ao teu, capaz de compreender, aceitar e ajudar o meu próximo a se conduzir de acordo com a tua verdade, que é sempre amorosa e integradora. Dá-me um coração puro. Amém.
Para guardar: “Mostre com um bom proceder as suas obras repassadas de doçura e de sabedoria” (Tg 3, 13)
Pratique: Fale bem das pessoas que você desejaria criticar.
[26º dia – Sexta, 24 de março]
PACIÊNCIA: FRUTO E VIRTUDE
*** Dia de Jejum ***
Medite: Eclesiástico 2, 1-6
Reflita: Este é um dos textos bíblicos fundamentais a se meditar por quem quer viver em aliança com Deus. Cada versículo precisa ser ruminado, assimilado e praticado, se queremos evoluir em nossa vida espiritual. A paciência está muito longe de um conceito de resignação passiva diante dos acontecimentos adversos que surgem em nosso caminho. Ela é dinâmica e cheia de atividade, ainda que possa parecer inativa, à primeira vista. O núcleo da paciência é a confiança de que existe uma razão maior, um propósito em todas as coisas e, para quem tem fé, que Deus está no controle.
A paciência é, assim, fruto do Espírito e virtude infusa em nós, ou seja: nós nos tornamos pacientes, porque o Espírito de Deus a comunicou a nós. Tendo-a comunicado, podemos, assim, produzir frutos concretos dessa mesma paciência no nosso dia a dia.
Num mundo tomado pela ansiedade, como um dos mais graves problemas que afeta pessoas de todas as idades, gêneros e classes sociais (dados da Organização Mundial da Saúde – OMS – mostraram – em 2019 – que o Brasil é o país mais ansioso do mundo e um dos líderes em casos de depressão), a paciência é uma das virtudes mais necessárias a serem cultivadas por todos e, nisso, por nós cristãos. Você é paciente?
Deixo aqui para você uma bela frase do filósofo e escritor Mário Sérgio Cortella: “Paciência na turbulência, sabedoria na travessia”.
Reze: “Senhor, é tão difícil ter paciência nos dias de hoje! Ensina-me, Deus, a ser paciente como Jó, que mesmo diante dos problemas não se abalou nem ficou irado. A vida de hoje está tão cheia de atrasos, imprevistos, desacertos e tantas pequenas coisas que aparecem. Preciso aprender a esperar, Senhor, pois só vivo com pressa, de tal maneira que costumeiramente estou agoniado, ansioso e nervoso. Dá-me, Senhor, a tranquilidade, a calma e a moderação para que tenha um dia melhor. Quero ser paciente comigo mesmo, entender e aceitar minhas limitações. Quero ser paciente com os outros, respeitando a maneira de cada um. Quero ter uma atitude paciente em relação à vida , sabendo que tudo acontecerá no seu tempo e da maneira que deve ser. Que eu seja paciente com todos ao meu redor. Que a paciência brote em mim hoje e permaneça para sempre. É o que eu peço e agradeço, Senhor. Amém” (autor desconhecido).
Para guardar: “Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência.” (Eclo 2, 4)
Pratique: Onde, em que área e com quem você precisa de mais paciência? Procure exercitar.
[27º dia – Sábado, 25 de março]
PACIÊNCIA: DE DEUS COM VOCÊ
*** Solenidade da Anunciação do Senhor ***
Medite: Tiago 5, 5-11
Reflita: Você certamente já ouviu falar da proverbial “paciência de Jó”. Creio que até muitos que não acreditam, já ouviram e até usaram essa expressão sem, na verdade, saberem qual o significado profundo que ela tem. Essa paciência não foi, no entanto, o resultado de uma submissão passiva e sem luta interior. É só você ler o livro que tem o seu nome para poder ver todo o trajeto de superação que ele fez, mas nunca com desespero. É dessa forma que o apóstolo Tiago exorta os cristãos para que também sejam pacientes, enfrentando as lutas externas e as internas, também, mas sempre com muita confiança em Deus.
Afaste de seu coração aquela atitude de quem fica resmungando sem parar; irritado por qualquer coisa e, até, com um certo ressentimento de Deus. Afinal, “eu o sirvo, faço tudo direito; por que estou passando por tudo isso?”.
Mas você já pensou também na paciência que Deus tem com você? Quantas graças cotidianas não agradecidas; quantos pecados dos quais nunca pediu perdão; quanta preguiça na hora de rezar; quantas promessas e propósitos que não são levados à frente… Você ainda tem dúvida do quanto Deus usa de paciência conosco (2Pd 3, 9)? “A paciência é o tapete vermelho pelo qual a graça de Deus chega até nós” (Max Lucado).
Então, se sua paciência com os outros, com a vida – e até com Deus – tem sido pequena, peça-a e também exercite-a. Certamente Deus tem muito mais paciência com você do que você precisa ter com os outros.
Hoje, celebrando a Anunciação do Senhor, agradeça por essa paciência misericordiosa de Deus que se manifestou entre nós, assumindo nossa condição humana, através de Maria Santíssima que foi plena abertura aos planos de Deus.
Reze: Obrigado, Senhor, por tua paciência para comigo. Eu não sou grato, como deveria; não sou sensível, como deveria; não me arrependo de meus erros, como deveria. Enfim, dou todos os motivos para o Senhor perder a paciência comigo. Eu te bendigo pela tua longanimidade. Assim reconheço: “Senhor, Senhor, Deus compassivo e misericordioso, paciente, cheio de amor e de fidelidade (Ex 34, 6). Misericordioso e bom é o Senhor; longânime e grande em benignidade (Sl 102, 8). Amém.
Para guardar: “Tende paciência, irmãos, até a vinda do Senhor.” (Tg 5, 7)
Pratique: Reze por quem o irrita e procure não irritar ninguém. Reze o terço, contemplando os Mistérios da Alegria.
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