[7º Dia – Domingo, 05 de março]
PURIFICAÇÃO: UM JEITO JUSTO DE SER
Medite: Isaías 1, 15-20.25
Reflita: Não se pode pensar em uma purificação pessoal que não leve em conta o social. O termo não aparece formulado com estas palavras, mas o conceito está presente, quando se fala do direito, do oprimido, do órfão e da viúva. Quantos há que parecem ter uma moral individual ilibada, mas são capazes de gestos preconceituosos ou omissos diante da injustiça. Não nos esqueçamos que omissão também é pecado. Não dá pra fechar os olhos diante da situação de tantas pessoas que sofrem. Pergunte-se, que posso eu fazer, pergunte-se? Preste também atenção ao seu modus vivendi (seu jeito de viver) e peça ao Espírito Santo que o ajude a perceber em que áreas você precisa se purificar no seu jeito de pensar, falar e agir. Considere fazer uma boa confissão preparando-se para a Páscoa.
Reze: Purificai, Senhor, as minhas mãos. Santificai meu coração. Tirai de mim toda má intenção que pode se enraizar em minha alma, crescendo e gerando frutos de morte para mim e para o próximo. Creio na vossa misericórdia. Ajudai-me. Amém.
Para guardar: “Eu te purificarei no crisol e eliminarei de ti todo o chumbo.” (Is 1, 25)
Pratique: Separe o que você não usa e dê para quem precisa.
[8º Dia – Segunda, 06 de março]
PURIFICAÇÃO: A LUTA CONTÍNUA
Medite: Filipenses 4, 8-9
Reflita: São apenas dois versículos, mas de um alcance tão grande! Perceba que o apóstolo diz “o que deve ocupar” nossos pensamentos. Muitas coisas passam pela nossa mente e nem todas são nobres, justas, puras, amáveis e de boa fama. Isso acontece com todos, mas é preciso uma decisão pessoal e esforço – disciplina – para não tornar, o que é contrário a isso, o objeto principal de nosso pensamento. Você conhece a história dos dois lobos? Um homem conversava com seu neto:
– Sabe, meu neto, em nosso interior, todos temos dois lobos. Esses lobos estão constantemente lutando, uma luta terrível com a qual nem todas as pessoas têm facilidade em lidar.
– Dois lobos, como isso funciona? – perguntou o neto com inocência.
– Todos temos dentro de nós dois lobos completamente diferentes. Um deles é mau, e representa todos os sentimentos ruins que podem existir em um ser humano: a raiva, a inveja, o ciúme, a ganância, o orgulho, o ressentimento, os medos, a mesquinhez, a culpa, o ego, e a arrogância. No entanto, o outro lobo é exatamente o oposto, representa tudo que é bom em uma pessoa: a bondade, o amor, a esperança, a generosidade, a alegria, a paz, a fé, e a verdade. – Explicou o ancião.
Então, o pequenino perguntou:
– E qual dos dois lobos é mais forte? Qual deles vence a luta?
– Isso, meu pequeno, depende de cada um de nós. Qual deles você alimentaria?
Reze: Senhor, ajuda-me em minha luta por aperfeiçoamento. Sei que dentro de mim esses dois lobos lutam e que, ao menos algumas vezes, tenho alimentado o lobo errado. Arrependo-me e peço: perdoa-me, purifica-me. Que triunfe em mim o bem e o amor. Amém.
Para guardar: “Praticai e o Deus da paz estará convosco.” (Fp 4, 9b)
Pratique: Telefone para alguém que você não fala há tempos. Telefone. Não se contente apenas em enviar uma mensagem de texto.
[9º Dia – Terça, 07 de março]
PROCESSO: PROSSEGUIR E PERSEGUIR
Medite: Filipenses 3, 10-16
Reflita: “Importa prosseguir decididamente”, encerra Paulo no texto que lemos hoje. Aí já está toda indicação para o nosso caminho: prossiga sempre, não importa com que velocidade e nem a distância. Dê um passo e mais um passo e um outro… Ainda que você caia e até se estrepe. Isso faz parte do caminho. É claro que muitas quedas acontecem por descuido ou descaso. Não lamente; aprenda com elas; coloque-se novamente de pé; enxugue as lágrimas; engula o orgulho e siga. Isso é também processo.
Por vezes a gente avança, outras vezes retrocede, mas segue, segue sempre! O que deveria ser uma perspectiva para qualquer área de nossa vida, torna-se imprescindível para a dimensão espiritual. Paulo tinha isso claro aos seus olhos e coração. Ele sabia que precisava conquistar essa meta, porque antes foi conquistado por Cristo. É assim com cada um de nós: Ele tomou a iniciativa e realizou a obra. Agora, compete a cada um seguir decididamente.
Reze: Tu me cativaste, Senhor. Tu me conquistaste com teu amor. É puro dom da tua misericórdia em meu favor. Dá-me, pelo impulso do teu Espírito, essa determinação de não desistir, de seguir em frente, ainda que sempre consciente da minha fraqueza. Amém.
Para guardar: “Persigo o alvo, rumo ao prêmio celeste.” (Fp 3, 14)
Pratique: Reconheça os sucessos e qualidades do outro. Elogie sinceramente.
[10º Dia – Quarta, 08 de março]
PROCESSO: HUMANO DEMAIS
Medite: João 21, 15-19
Reflita: Trago este texto, no presente contexto em que estamos meditando, para nos mirarmos na história de Simão Pedro. Essa Profissão de amor de Pedro é a síntese de toda a sua trajetória com suas idas e vindas, sua generosidade e sua cabeça dura, sua coragem e seu medo, sua obediência e rebeldia, sua fidelidade e negação. De alguma forma, nesse diálogo com o Mestre todo o processo de evolução de Simão está presente. É preciso lembrar sempre que o Pedro que é pedra é Simão, o homem cheio de força, mas também de contradições. Jesus, no diálogo retratado pelo evangelista João, dirige-se ao homem – Simão – para, então, confirmar a missão – apascentar – confiada a Pedro. Pedro nunca deixou de ser Pedro, assim como nós, ao chamado de Jesus, continuamos com nossa humanidade bela e ferida ao mesmo tempo. Aceite, pois, seu processo pessoal, ainda que perceba as contradições que habitam em você. Aceite-as, deixe-se modelar e não desista nunca.
Reze: Amado Jesus, olho para Simão Pedro, e vejo-me tão pequeno diante da força desse homem moldado pela força do teu Espírito. Ele foi capaz de superar tudo e dar a vida por ti e o Evangelho. Eu seria capaz? Não sei. Mas quero te seguir, ainda que carregue em mim contradições muito maiores que Simão. Venha em meu auxílio a força da tua graça. Amém.
Para guardar: “Simão, filho de João, amas-me?” (Jo 21, 16)
Pratique: Procure cultivar a aceitação de alguém, com quem você convive, e que é de difícil relacionamento.
[11º Dia – Quinta, 09 de março]
PENITÊNCIA: REORIENTAÇÃO DA VIDA
Medite: Salmo 31(32)
Reflita: Lembro que a numeração dos Salmos que sigo é aquela presente na Bíblia Ave-Maria. Em algumas Bíblias corresponde ao Salmo 32. É um dos chamados sete salmos penitenciais, a saber: 6, 31, 37, 50, 101, 129, 142. A penitência é uma perspectiva indissociável com o Tempo Quaresmal. Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica:
“A penitência interior é uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma conversão para Deus de todo nosso coração, uma ruptura com o pecado, uma aversão ao mal e repugnância às más obras que cometemos. Ao mesmo tempo, é o desejo e a resolução de mudar de vida com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda de sua graça. Esta conversão do coração vem acompanhada de uma dor e uma tristeza salutares, chamadas pelos Padres de ‘animi cruciatus (aflição do espírito)’, ‘compunctio cordis’ (arrependimento do coração).
O coração do homem apresenta-se pesado e endurecido. É preciso que Deus dê ao homem um coração novo. A conversão é antes de tudo uma obra da graça de Deus que reconduz nossos corações a ele: ‘Converte-nos a ti, Senhor, e nos converteremos’ (Lm 5,21). Deus nos dá a força de começar de novo. É descobrindo a grandeza do amor de Deus que nosso coração experimenta o horror e o peso do pecado e começa a ter medo de ofender a Deus pelo mesmo pecado e de ser separado dele. O coração humano converte-se olhando para aquele que foi traspassado por nossos pecados.
Fixemos nossos olhos no sangue de Cristo para compreender como é precioso a seu Pai porque, derramado para a nossa salvação, dispensou ao mundo inteiro a graça do arrependimento.” (CIC 1431-1433)
Reze: Confesso a Deus, Pai Todo-Poderoso e a vós, irmãos e irmãs, que pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos Anjos e Santos, e a vós, irmãos e irmãs, que rogueis por mim a Deus, Nosso Senhor.
Para guardar: “Sim, vou confessar ao Senhor a minha iniquidade, e vós perdoastes a pena do meu pecado.” (Sl 31, 5b)
Pratique: O jejum da língua. Fale o que for necessário e nada de falar do outro e nem reclamar.
[12º Dia – Sexta, 10 de março]
PENITÊNCIA: REPARAR O MAL FEITO
*** Dia de Jejum ***
Medite: Salmo 50
Reflita: Este Salmo tem como pano de fundo o relato que está no Segundo livro de Samuel, capítulos 11 e 12. Leia-os para que você entenda melhor toda a dor e sinceridade de Davi ao pedir a misericórdia de Deus. Ele sempre teve uma grande intimidade com Deus, mas era apenas um ser humano, não obstante ser um grande rei. E foi a experiência de sua fraqueza que o levou a um pecado terrível, que não se limitou ao adultério. Ele foi tomado sinceramente pela angústia e aflição e isso o levou a derramar profundamente sua vida aos pés do Senhor. Não foram poucas vezes que eu presenciei algumas pessoas virem com a alma quase devastada, diante de algo que fizeram a si mesmas e aos outros. A penitência não é uma forma de “pagar” a misericórdia de Deus que nos perdoa, mas um gesto concreto de reencaminhar-se na força da graça do perdão.
Seria, ainda, muito interessante você conhecer os “Doze Passos dos Alcóolicos Anônimos”, pois constituem-se numa espiritualidade concreta de superação. O “oitavo passo” assim reza: Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e dispusemo-nos a reparar os danos a elas causados.
Não deixa de ser uma característica da penitência que precisamos realizar diante de um erro grave cometido contra alguém. Procure ler mais sobre isso e examinar-se também.
Reze: Deus, conceda-me a serenidade para aceitar aquilo que não posso mudar, a coragem para mudar o que me for possível e a sabedoria para discernir entre as duas.
Vivendo um dia de cada vez, apreciando um momento de cada vez, recebendo as dificuldades como um caminho para a paz, aceitando esse mundo cheio de pecados como ele é, assim como fez Jesus, e não como eu gostaria que ele fosse.
Confiando que o Senhor fará tudo dar certo se eu me entregar à Sua vontade; pois assim poderei ser razoavelmente feliz nessa vida e supremamente feliz ao Seu lado na eternidade. Amém! (Reinhold Niebuhr)
Para guardar: “Infundi-me, pois, sabedoria, no mais íntimo de mim.” (Sl 50, 8)
Pratique: É preciso reparar algum mal que você possa ter feito? É possível fazer isso? Esforce-se!
[13º Dia – Sábado, 11 de março]
PODA: QUE ESCOLHEMOS
Medite: João 15, 1-8
Reflita: A natureza nos traz tantas lições. São tantos padrões que poderiam nos ajudar muito em nosso caminho espiritual e na administração da vida como um todo. Todavia, temos muita dificuldade em aprender ou nos julgamos além ou à parte da natureza.
Diversas vezes Jesus tomou imagens do seu cotidiano e as transformou em parábolas ou ilustrações para ensinar aos seus discípulos. Uma destas imagens é a videira e a necessária poda pela qual precisa passar para poder frutificar. Algumas dessas podas nós escolhemos, ou seja, podemos nos colocar conscientemente num processo de cortes necessários para que cresçamos. E existem muitos instrumentos que nos ajudam nesse processo: um bom livro, um retiro espiritual, a confissão, uma terapia, um caminho oracional – como estamos fazendo. São todos meios que podem ajudar você nesse processo de poda para crescer e amadurecer. Você está aberto a estas podas?
Reze: Quero te bendizer, Senhor, por estar ligado intimamente a ti, como o ramo à videira. Custa-me ser podado, mas quero colocar-me receptivo diante dessas podas necessárias para meu crescimento. Com a liberdade possível em meu ser, eu digo: poda-me, Senhor. Amém.
Para guardar: “Podará todo ramo que der fruto, para que produza mais fruto.” (Jo 15, 2)
Pratique: Corrija alguém por amor e não se omita por medo.
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