[1º Dia – Segunda, 27 de fevereiro]
PAI: UMA EXPERIÊNCIA TRINITÁRIA
Medite: Gálatas 4, 1-7
Reflita: Estamos tão acostumados a chamar Deus de Pai, que não prestamos atenção na especial graça que é termos o Criador de todas as coisas como nosso Pai. Deus não é uma energia impessoal; Ele é relação, por isso é Pai. Não há paternidade sem relacionamento. Para Jesus, Deus era seu Abbá, seu papai. Havia intimidade, aconchego, diálogo. Viver com o Pai é estabelecer esse íntimo relacionamento e Ele só pode se dar no Espírito, ou seja: só somos filhos, porque Deus é Trindade. Aproveite que estamos começando esses quarenta dias para reforçar o seu relacionamento com o Pai. É em Jesus que nós temos a possibilidade de sermos filhos. Peça a Ele que o leve a essa intimidade.
Reze: Amado Jesus, leva-me a um nível mais profundo de intimidade com o Pai. Que eu possa, através do teu Coração, chegar ao Coração do Pai e nele encontrar o sentido de minha vida. Obrigado, Deus, por poder chamar-te de Pai. Quero ser um bom filho para ti. Amém.
Para guardar: “A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: ‘Abba, Pai!’” (Gl 4, 6)
Pratique: Disponha-se a uma real conversão para santificar sua Quaresma.
[2º Dia – Terça, 28 de fevereiro]
PAI: SER FILHO E SER IRMÃO
Medite: Mateus 6, 5-14
Reflita: Entrar no quarto é adentrar-se às regiões mais silenciosas de nosso ser. Mas que ninguém se engane: não se chega a esse lugar escondido, sem se retirar e fechar atrás de si a porta das distrações, preocupações, trabalhos. É preciso ter um tempo efetivo dedicado a Deus para que você O experimente como Pai. É bom lembrar, também, que não sabe viver como filho aquele que não sabe ser irmão. Não existe a experiência da paternidade divina que não passe pelas tessituras da fraternidade. Por isso, o Pai-Nosso nos fala da solidariedade (pão nosso) e do perdão. Alegre-se por ser filho e comprometa-se a atitudes que o façam, verdadeiramente, irmão.
Reze: Pai Nosso que estais no céu… Agradeço-te, Pai, por ser teu filho, por ser amado e guardado por ti. Quero me comprometer a tirar de minha vida tudo que me impede de ser fraterno. Venha em meu auxílio a tua graça. Amém.
Para guardar: “Se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará.” (Mt 6, 15)
Pratique: Na sua oração, desligue-se do celular e de tudo aquilo que o possa distrair.
[3º Dia – Quarta, 1º de março]
PASTOR: ACOLHENDO O CUIDADO
Medite: Ezequiel 34, 1-24
Reflita: Não é sem motivo que para esses primeiros quatro dias de nosso Caminho Quaresmal, eu quis apresentar o Pai e Pastor. Tudo é graça, é fruto da iniciativa de Deus de vir ao nosso encontro para cuidar de nós, para estabelecer uma Aliança amorosa conosco. E uma das imagens mais fortes das Escrituras para expressar esse cuidado é exatamente a do pastor. Para o povo de Israel, ela tinha uma concretude que não tem para nós hoje, mas, certamente, toca nossa sensibilidade. Ele busca, carrega ao colo, trata, apascenta, corrige, conduz suas ovelhas. Mas, ovelhas que somos, também nos cabe pastorearmo-nos uns aos outros. Algumas tantas ovelhas se perdem pelo descaso daqueles que deveriam ser pastores – ou seja, cada um de nós – na forma como Deus os chamou.
Reze: Amado Jesus, Bom Pastor de nossas vidas. Obrigado por todo cuidado que me tendes dispensado como ovelha tão rebelde que, por vezes, sou. Se me perco, Tu me buscas. Se me firo, Tu me curas. Se me desvio, Tu me corriges. Se as forças me faltam, Tu me carregas ao colo. Obrigado por teu pastoreio. Quero aprender de ti, para poder cuidar de meus irmãos. Amém.
Para guardar: “Vou tomar, Eu próprio, o cuidado com minhas ovelhas, velarei sobre elas”. (Ez 34, 11)
Pratique: Cumprimente aqueles que você vê todo dia e aqueles com quem você se encontrar.
[4º dia – Quinta, 02 de março]
PASTOR: REAFIRMANDO O CUIDADO
Medite: Salmo 22 (23)
Reflita: Alguns estudiosos da Bíblia dizem que a tradução correta do primeiro versículo desse Salmo é: “O Senhor é meu Pastor e não me falta”. Não é que não falte algo, mas é Ele que não falta nunca. Esse o sentido real: Ele nunca faltará, ainda que passemos por provações ou privações de toda espécie. Quando se coloca o foco no que Ele pode dar, o que realmente fica no centro é o nosso ego. Quantos há que rezam esse Salmo apenas como uma afirmação positiva para ter êxito em seus empreendimentos, onde Deus parece ser apenas um detalhe. Se o Senhor é nosso Pastor, os campos verdejantes ou as águas de refrigério irão chegar de uma forma ou de outra. Pode não ser um rio; pode ser só um pouco de água num cantil, mas Ele estará ali por perto, cuidando. Reze esse Salmo na perspectiva que apresentei acima.
Reze: Creio, Senhor, que és meu Pastor e não me faltas jamais. Ainda que as tribulações venham, que os ventos soprem contrários, que a noite caia em meu caminho, que o vale da sombra da morte se apresente, eu seguirei, pois estás comigo. E quando eu não puder seguir, o Senhor me carregará ao colo. Muito obrigado. Amém.
Para guardar: “O Senhor é meu Pastor e não me falta”. (Sl 22, 1)
Pratique: Lembre a alguém o quanto você o ama.
[5º Dia – Sexta, 03 de março]
PALAVRA: O ESPÍRITO QUE VIVIFICA
*** Dia de Jejum ***
Medite: João 1, 1-18
Reflita: Para nós, antes de tudo, a Palavra é uma pessoa: Jesus, o Verbo, manifestado entre nós. Não obstante isso, quantos ainda se detêm na Palavra enquanto letra. “A letra mata, mas o Espírito vivifica” (2Cor 3, 6). É a partir de Jesus, da sua prática, do seu jeito de viver que podemos, retamente, interpretar tudo quanto está no Antigo e Novo Testamentos. Dizer que Jesus é o Verbo significa dizer que Ele é a ação do Pai no mundo; nele, por Ele e para Ele é que tudo foi criado. E o modo de Deus agir não é uma ostentação do seu poder, mas um exercício do seu amor e misericórdia. Uma palavra pode ser letra que mata ou espírito que dá vida. Como podemos querer que a Palavra de Deus nos comunique vida, se nossa palavra é portadora de morte?
Reze: Jesus, Verbo Eterno de Deus. Sendo Palavra, tuas palavras sempre foram portadoras de vida abundante. Hoje, novamente, diante de tua Palavra, eu sei que ela tem poder de purificar as próprias palavras que habitam em mim nem sempre gerando vida. Perdoa-me, se assim tenho agido. Preciso e quero mudar. Amém.
Para guardar: “O Verbo era Deus… Nele havia vida, e a vida era a luz dos homens.” (Jo 1, 1.4)
Pratique: Ajude alguém para que ele possa descansar um pouco.
[6º Dia – Sábado, 04 de março]
PALAVRA: PARA EDIFICAR
Medite: Mateus 12, 33-37
Reflita: Não tenho dúvida que alguns farão uma leitura moralizante desse texto, preocupados que estão com “palavrões” que saem de alguma boca. É claro que não é bom vomitar palavrões, mas o sentido desse texto é muito mais profundo. As palavras que adulam, enganam e matam são, na maioria das vezes, aparentemente delicadas, mas são manipuladoras e constituem-se em habilidosas armadilhas que ferem e destroem. É bom, certamente, prestar atenção no que você tem falado; pode ser um bom termômetro para aferir o que anda em seu coração. O que você tem falado do outro, de si mesmo e consigo mesmo? Não é para se condenar, mas para se colocar em uma senda de conversão. Recordemos o que o Papa Francisco diz, por exemplo, sobre a fofoca, que é um exercício malévolo da palavra: “As fofocas fecham o coração à comunidade, impedem a unidade da Igreja. O grande fofoqueiro é o diabo, que sempre sai dizendo coisas ruins dos outros, porque ele é o mentiroso que tenta desunir a Igreja, afastar os irmãos e não fazer comunidade. Por favor, irmãos e irmãs, façamos um esforço para não fofocar. A fofoca é uma peste pior que a Covid, pior.”
Reze: Senhor, se meus lábios têm proferido palavras que ferem ou enganam o outro, é porque meu coração anda doente. Com o salmista eu te peço: “Ponde, Senhor, uma guarda em minha boca, uma sentinela à porta dos meus lábios. Não deixeis meu coração inclinar-se ao mal” (Sl 140, 3-4). Perdoa-me. Converte-me. Amém.
Para guardar: “É por tuas palavras que serás justificado ou condenado.” (Mt 12, 37)
Pratique: Ouça, sem julgar.
=== Clique em um dos números abaixo para ter acesso a mais conteúdo ===