Teus olhos que, ternos, fixam-se nos filhos que de ti se aproximam,
são os mesmos que choram pelos que ferem o próximo na indiferença.
Tuas mãos que seguram o cândido Rosário,
são as mesmas que lavaram, cozinharam e ampararam teu Filho bendito.
Teus pés que pisam na ignominiosa serpente,
são os mesmos que se apressaram a serviço de tua prima, Isabel.
Teu coração traspassado pela espada da dor,
é o mesmo que se derramou e derrama-se em puro amor.
A alva túnica que veste teu corpo,
é a mesma transfigurada por teu Filho, no Tabor.
O véu que te cobre a cabeça,
é o mesmo que agasalhou Jesus nas frias noites de Nazaré.
A Azinheira, sobre a qual apareceste, é, de certa forma,
cada uma das árvores que testemunham a grande linhagem bíblica que remonta àquela primeva Árvore da qual nossos primeiros pais comeram: a Árvore da Vida!
O acesso que lhes foi, posteriormente, negado, ao escolherem o fruto – não propriamente da árvore do conhecimento do bem e do mal – mas da rebeldia, agora, novamente, está sinalizado por ti, quando Jesus, ao ser crucificado, transplantou, de uma vez por todas, a Árvore da Vida para o Monte Calvário.
Dela comerão todos os que, humildemente, se achegarem e terão vida eterna (Ap 2, 7)!
Sim, a Azinheira é a Oliveira que doa o azeite da unção e que cura as feridas (Êx 27, 20);
é a Videira, ferida pela poda, para que produza frutos abundantes (Jo 15, 1-5);
é a Figueira que o Divino Agricultor, pacientemente, aduba, esperando que ainda volte a frutificar (Lc 13, 6-9);
é o Cedro-do-Líbano que primeiro enraíza-se profundamente para, depois, lançar-se às alturas (Sl 91, 13);
é a Tamareira majestosa que se curva, diante dos ventos, para não quebrar e extasia o paladar com a doçura de seus frutos (Ct 7, 7-10);
é o Carvalho de Mambré, com sua altivez, e que, à sua sombra, Deus se revelou a Abraão (Gn 18, 1);
é o Sicômoro da elevação, para se poder mirar além dos obstáculos e ver o Senhor que passa (Lc 19, 1-4);
é a Acácia do Tabernáculo da adoração a Deus e dedicação ao seu serviço (Êx 35, 24).
Mas, se sobre a árvore apareceste, teu coração, há muito, já havia corrido pelos campos ao encontro dos três pastorinhos.
É assim que ainda fazes hoje, como Mãe que és, adiantando-te em atenção a cada um de teus filhos.
Amas, cuidas, proteges e aguardas…
Sim, por vezes, os filhos se afastam de casa: da Casa do Pai!
Viram as costas, desprezam teu carinho, não escutam ao falares de paz, endurecem-se no orgulho e se fecham em tola autossuficiência.
Todavia, não apenas aguardas: buscas, chamas, fazes-te presente, como nas Bodas de Caná (Jo 2, 1-11).
Senhora de Fátima, Aparecida, Desatadora do Nós, das Graças, de Lourdes, do Perpétuo Socorro.
Senhora dos mil nomes ou, simplesmente, Maria de Deus!