
19º Dia: Domingo, 23 de março
A CATIVANTE BELEZA HUMANA DE CRISTO
A Escritura: “Como Jesus estivesse à mesa na casa desse homem, numerosos publicanos e pecadores vieram e sentaram-se com ele e seus discípulos. Vendo isso, os fariseus disseram aos discípulos: ‘Por que come vosso mestre com os publicanos e com os pecadores?’ Jesus, ouvindo isso, respondeu-lhes: ‘Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício (Os 6,6). Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores’”. (Mateus 9, 10-13)
O Papa: “Devo advertir que, no seio da própria Igreja, o nefasto dualismo jansenista renasceu com novos rostos. Ganhou força renovada nas últimas décadas, mas é uma manifestação daquele gnosticismo que já nos primeiros séculos da fé cristã causava dano à espiritualidade e ignorava a verdade da ‘salvação da carne’. Por isso, dirijo o meu olhar para o Coração de Cristo e convido a renovar esta devoção. Espero que possa ser atrativa também à sensibilidade atual e que nos ajude assim a enfrentar estes velhos e novos dualismos, aos quais oferece uma resposta adequada. Gostaria de acrescentar que o Coração de Cristo nos liberta, ao mesmo tempo, de um outro dualismo: o de comunidades e pastores concentrados apenas em atividades exteriores, em reformas estruturais desprovidas de Evangelho, em organizações obsessivas, em projetos mundanos, em reflexões secularizadas, em várias propostas apresentadas como requisitos que, por vezes, se pretendem impor a todos. O resultado é, muitas vezes, um cristianismo que esqueceu a ternura da fé, a alegria do serviço, o fervor da missão pessoa-a-pessoa, a cativante beleza de Cristo, a gratidão emocionante pela amizade que Ele oferece e pelo sentido último que dá à vida. Em suma, outra forma de transcendentalismo enganador, igualmente desencarnado.” (n. 87-88)
Refletindo: Que palavras fortes, firmes e necessárias do Papa Francisco, diante do que vemos acontecendo no seio da Igreja em nossos dias. Esses ensinamentos desvirtuados e com um jeito de muita seriedade e santidade vão penetrando através de pessoas que parecem muito comprometidas com o Evangelho, mas que, no fundo são apegados à letra, muito mais do que o verdadeiro espírito do Evangelho. É um alerta aos fiéis e aos pastores. Tanto uma piedade externa – mas pouco inclusiva e misericordiosa – tanto estruturas muito bem organizadas – mas sem o vigor do Espírito – são desvios daquilo que Jesus nos deixou. Cuidemo-nos para não cedermos à essas sutis e disfarçadas tentações.
Rezemos com Santo Afonso de Ligório, grande devoto do Coração de Jesus:
Nossa Oração: “Ó Coração amantíssimo de Jesus, Vós deveis fazer que seja todo vosso o meu pobre coração, que no passado Vos tem sido tão ingrato e pela sua culpa privado do vosso amor. Suplico-Vos que meu coração seja todo amor por Vós, assim como o vosso é todo amor por mim. Fazei com que a minha vontade seja toda unida à vossa, de modo que eu não queira senão o que Vós quereis. A vossa santa vontade seja doravante a regra de todas as minhas ações, de todos os meus pensamentos e de todos os meus desejos. Amém” (S. Afonso de Ligório)
Sagrado Coração de Jesus, eu confio em ti!
Para guardar: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício!
20º Dia: Segunda, 24 de março
MISERICÓRDIA E CONFIANÇA
A Escritura: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a sua fidelidade.” (Lamentações 3, 22-23)
O Papa: “Perante o Coração de Cristo, é possível voltar à síntese encarnada do Evangelho e viver o que propus há pouco, recordando a amada Santa Teresa do Menino Jesus: ‘A atitude mais adequada é depositar a confiança do coração fora de nós mesmos, ou seja, na infinita misericórdia de um Deus que ama sem limites e que deu tudo na Cruz de Jesus’. Ela viveu-a intensamente porque descobriu no coração de Cristo que Deus é amor: ‘A mim deu-me a sua Misericórdia infinita, e é através dela que contemplo e adoro as demais perfeições divinas’. É por isso que a oração mais popular, dirigida como um dardo ao Coração de Cristo, diz simplesmente: ‘Eu confio em Vós’. Não são necessárias mais palavras.” (n. 90)
Refletindo: Santa Terezinha tocou o cerne daquilo que Deus é e como Ele se debruça em amor sobre a humanidade. Para aquele que, de fato, teve a real experiência da misericórdia em sua vida, ela se torna uma espécie de filtro para, não só, contemplar Deus em todas as suas manifestações – “perfeições divinas”, como diz Terezinha – mas também nas pessoas. É preciso se perguntar: é desta forma que lidamos com os limites, imperfeições e até pecados dos outros, sobretudo quando nos afetam de alguma forma? Ser misericordioso, teoricamente, é fácil, mas e quando isso custa o nosso “sangue”? É claro que a misericórdia não exclui a justiça, especialmente quando houve algum tipo de dano que precisa ser reparado. Aliás, alguém que busca a misericórdia de Deus, ao prejudicar o próximo, fará o possível para reparar o mal que foi feito.
Lembremos, ainda, o que o Papa fala dessa pequena e tão eficaz jaculatória que voltamos ao Coração do Senhor: “Eu confio em Vós!”. Quando seus sentidos, sua mente ou coração estiverem turvados pela dor ou sem saber que rumo tomar, apenas diga isso a Ele. Lance-se e a graça, de um jeito ou outro, virá.
Nossa Oração: “Ó Coração terno e fiel de Jesus, inflamai meu pobre coração, para que se abrase de amor para convosco, como Vós para comigo. Parece que de presente Vos amo, ó meu Jesus, mas amo-Vos muito pouco; dai-me que Vos ame muito e Vos seja fiel até à morte. É esta a graça que Vos peço, bem como a graça de a pedir sempre. Deixai-me morrer antes que venha novamente a trair-Vos.” (S. Afonso de Ligório)
Sagrado Coração de Jesus, eu confio em ti!
Para guardar: Quero tua misericórdia! Torna-me misericordioso!
21º Dia: Terça, 25 de março
PARA FICAR JUNTO AOS MAIS FRÁGEIS
*** Solenidade da Anunciação do Senhor ***
A Escritura: “Entrando, o Anjo disse-lhe:‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo1. Perturbou-se ela com essas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. O Anjo disse-lhe: ‘Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu Reino não terá fim”.
O Papa: “Identificando-se com os últimos da sociedade (cf. Mt 25, 31-46), ‘Jesus trouxe a grande novidade do reconhecimento da dignidade de cada pessoa, como também e sobretudo daquelas qualificadas como ‘indignas’. Este princípio novo na história, pelo qual o ser humano é tanto mais ‘digno’ de respeito e de amor quanto mais é fraco, mísero e sofredor, a ponto de perder a própria ‘figura’ humana, mudou o rosto do mundo, dando vida a instituições que se dedicam a cuidar daqueles que se encontram em condições desumanas: os recém-nascidos abandonados, os órfãos, os idosos deixados sozinhos, os doentes mentais, os portadores de doenças incuráveis ou com graves malformações, os sem-teto’”. (n. 170)
Refletindo: Pela voz do Anjo a saudação do céu chegou à jovem Maria. Pelo seu Sim a eternidade abraçou o tempo, o infinito circunstanciou-se na pequena Nazaré, Aquele por quem todas as coisas foram criadas, tornou-se pequeno, pobre. A solenidade de hoje reveste-se, como daqui a nove meses o Natal, não de pompas, mas daquele despojamento apontado pelo Papa Francisco. É muito mais do que uma terna imagem – que certa e justamente nos emociona – é uma escolha de Deus, um sinal que grita diante dos olhos indiferentes dos que se acham grandes em nosso mundo: Deus escolheu o que é fraco, mísero e sofredor para dizer “Eu estou no meio de vocês”. Reverenciemos esse momento silencioso que transformou a humanidade, pois, no ventre virginal de Maria, o Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós. Louvada seja a Santíssima Mãe de Deus, Maria!
Nossa Oração: Mãe, permita-me hoje, como se costuma fazer com as mães grávidas, encostar meu ouvido em teu ventre e escutar silenciosamente o Coraçãozinho de teu Filho, já pulsando de amor pela humanidade. Não tenho nenhuma dúvida que o teu Coração era ritmado pelo humano Coração de Jesus, mas também o d’Ele era nutrido e oxigenado pelo mais puro amor que o ser humano pode manifestar: o amor de Mãe. Nesse encontro bendito de corações, nosso coração pode descansar. Também eu quero me unir ao Arcanjo Gabriel e te dizer: Ave cheia de Graça. O Senhor é contigo!
Obrigado, Jesus, porque nos ofereces hoje, também, o Coração de tua Mãe com todo amor que dedicou a ti. Muito obrigado.
Sagrado Coração de Jesus, eu confio em ti!
Para guardar: Cada ser humano é digno!
22º Dia: Quarta, 26 de março
ÁGUAS QUE BROTAM DO CORAÇÃO DE JESUS
A Escritura: “Ora, retornando, avistei nas duas margens da torrente uma grande quantidade de árvores. ‘Essas águas’ – disse-me ele – ‘dirigem-se para a parte oriental, elas descem à planície do Jordão; elas se lançarão no mar, de sorte que suas águas se tornarão mais saudáveis. Em toda parte aonde chegar a corrente, todo animal que se move na água poderá viver, e haverá lá grande quantidade de peixes. Tudo o que essa água atingir se tornará são e saudável e em toda parte aonde chegar a torrente haverá vida.’” (Ezequiel 47, 7-9)
O Papa: “A Bíblia mostra que uma abundância de água vivificante foi anunciada ao povo que tinha caminhado pelo deserto e esperava a libertação: ‘Tirareis água com alegria das fontes da salvação’ (Is 12, 3). Os anúncios messiânicos assumiram a forma de uma fonte de água purificadora: ‘Derramarei sobre vós uma água pura e sereis purificados […] introduzirei em vós um espírito novo’ (Ez 36, 25-26). É a água que restituirá ao povo uma existência plena, como uma fonte que jorra do templo e, ao passar, derrama vida e saúde.” (n. 93)
Refletindo: Seria muito bom que você meditasse hoje, tendo consigo um copo com água!
Ainda que tivesse de atravessar o deserto, nunca faltou água ao povo hebreu. Talvez fosse necessário que saísse de um duro rochedo – a dureza do coração de muitos – ou tivesse que ser purificada em seu amargor – como estavam consumidos de murmuração contra Deus e contra Moisés. A vida, em muitos aspectos, assemelha-se a um deserto – e nós nos assemelhamos ao povo de Israel – todavia, muito mais certamente, haverá uma Fonte maravilhosa, jorrando toda provisão naquilo que mais necessitarmos, não para satisfazer nossos caprichos, mas para nos devolver ao essencial. Deixe que ela chegue à sua vida e vá percorrendo cada área, sobretudo as mais áridas. Talvez haja rochedo a ser rasgado pela Graça ou amargor a se tornar docilidade.
Nossa Oração: Senhor, fazei-me chegar aos vossos rios. Águas vivas que brotam do Coração de Jesus, fazei reviver o que é morte em mim. Águas purificadoras que jorram do Coração de Jesus, limpai meu coração de tudo o que o contamina. Águas restauradoras que transbordam do Coração de Jesus, curai as feridas de minha alma e do meu corpo. Águas de refrigério que correm do Coração de Jesus, saciai a sede do mais íntimo de mim. Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus, como fonte de Misericórdia para nós, eu confio em Vós!
Sagrado Coração de Jesus, eu confio em ti!
Para guardar: Água cristalina que jorra do peito aberto de Jesus, curai-me, libertai-me!
23º Dia: Quinta, 27 de março
UMA FONTE ABERTA DE JERUSALÉM PARA O MUNDO
A Escritura: “Derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de benevolência e de súplica. Eles contemplarão aquele a quem trespassaram. Naquele dia, haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém, para a purificação do pecado e da impureza” (Zacarias 12, 10; 13, 1).
O Papa: “Um homem trespassado, uma fonte aberta, um espírito de benevolência e de súplica. Os primeiros cristãos inevitavelmente viam esta promessa cumprida no lado aberto de Cristo, fonte de onde brota a vida nova. Ao percorrermos o Evangelho de João, vemos como aquela profecia se cumpriu em Cristo. Contemplamos o seu lado trespassado, de onde jorrava a água do Espírito: ‘Um dos soldados traspassou-lhe o peito com uma lança e logo brotou sangue e água’ (Jo 19, 34). E o evangelista acrescenta: ‘Hão de olhar para aquele que trespassaram’ (Jo 19, 37). Retoma assim o anúncio do profeta que prometia ao povo uma fonte aberta em Jerusalém, quando olhassem para o trespassado (cf. Zc 12, 10). A fonte aberta é o lado ferido de Jesus Cristo. (n. 96)
Refletindo: Na Cruz nós O encontramos. Ele traz as feridas de todos osperdidos e sem esperança da história; é chagado pelos nossos pecados e sobrecarregado pelos nossos sofrimentos; chora as lágrimas das dores mais profundas caladas na alma do ser humano; tem a respiração arfante dos que perdem o fôlego diante da angústia de viver; está desfigurado como tantos rostos anônimos invisíveis em nossa sociedade; grita a sensação de abandono de todos os que são alijados das rodas sociais; morre, enfim, solitário, mas não sozinho: tem a companhia de sua Mãe, do discípulo amado, de Madalena, a pecadora perdoada, e de uma outra Maria, pouco conhecida, mas que vivenciou algo que só um dos discípulos pôde vivenciar. E ali está a fonte: aberta, transbordante de amor, não obstante tanta dor. Não foi rasgada na terra, mas no peito do Senhor. Diante d’Ele é hora de renovarmos nosso espírito de benevolência e súplica.
Nossa Oração: Vejo-te, Coração chagado, ferido por mim. Talvez eu esteja de longe, como os discípulos que não suportaram tal momento e fugiram. Eles fugiram por medo. E quanto a mim? Talvez por indiferença, por dureza de coração, de não crer profundamente no que fizeste por mim, por nós. Mas, ainda que sejam alguns passos, permite que eu me aproxime um pouco mais, passo a passo. E se não ousar erguer meus olhos, posso, ao menos, tocar no bendito madeiro e sentir uma gota dessa fonte maravilhosa escorrendo em minha mão, mas, na verdade, lavando todo o meu ser? És bendito, amado Senhor, nessa fonte aberta em teu lado ferido. Amém.
Sagrado Coração de Jesus, eu confio em ti!
Para guardar: A fonte aberta é teu lado ferido, Senhor!
24º Dia: Sexta, 28 de março
CORAÇÃO SAGRADO: ENCONTRO PESSOAL
*** Dia de jejum ***
A Escritura: “Um dos discípulos, a quem Jesus amava, estava à mesa reclinado ao peito de Jesus.” (João 13, 23)
O Papa: “Santo Agostinho abriu o caminho para a devoção ao Sagrado Coração como lugar de encontro pessoal com o Senhor. Ou seja, para ele o lado de Cristo não é só fonte de graça e de sacramentos, mas personaliza-o, apresentando-o como símbolo da união íntima com Cristo, como lugar de um encontro amoroso. É aí que reside a origem da sabedoria mais preciosa, que é conhecê-Lo. Com efeito, Agostinho escreve que João, o amado, quando inclinou a sua cabeça sobre o peito de Jesus, durante a última ceia, aproximou-se do lugar secreto da sabedoria”. (n. 103)
Refletindo: Guarde bem aquilo que o Papa Francisco destaca sobre a perspectiva apresentada por Santo Agostinho em relação ao Coração de Jesus: encontro pessoal! Encontro de corações, de intimidades, de transparência, de verdade. Da parte do Senhor, total transparência e entrega. Da nossa parte? Bem, talvez – com certeza – a história seja bem diferente. Andamos tão desencontrados da nossa verdade, tão alheios ao que se passa no mais íntimo de nós, tão voltados para fora que não encontramos aquela trilha que nos leva ao jardim secreto onde esse encontro pessoal com o Senhor se dá ou pode se dar, dependendo de nossa abertura. Mas essa trilha já foi apontada há muito tempo por aquele discípulo, intitulado de “amado”: recostar a cabeça no peito do Senhor. E não há como fazer isso sem se aproximar. Não dá pra recostar o peito, ficando longe. Mas não é assim que alguns querem que seja? Não querem se comprometer, não querem “gastar” tempo na oração, na contemplação, na Eucaristia e, ainda assim, acham que é possível ouvir o que o Senhor está dizendo. Não é Ele que está falando baixo ou não está falando; são os ouvidos que estão longe, distraídos por demais para ouvir. Preste atenção a você mesmo e examine-se sobre a distância em que você se acha. Que tal achegar-se bem junto ao peito aberto do Senhor, nele reclinar, ouvir e descansar?
Nossa Oração: Quero, Senhor, me achegar ao teu Coração e eu sei, pelo testemunho do “discípulo amado” que esse lugar é a Mesa Eucarística. Foi ali, na última Ceia que João pôde te ouvir, gozar da tua intimidade, do ritmar do teu Coração e ganhar coragem para seguir contigo até o Calvário, mesmo em meio às ameaças e à dor. Sei que é na Eucaristia que posso, por excelência, ter esse encontro pessoal contigo, um encontro pleno de amor e misericórdia. Muito obrigado, porque te deixas encontrar, não por um grupo de “iluminados”, mas por todos os que se aproximarem e demorarem na tua presença. Quero assim fazer e aprender a demorar diante de ti. Aprenderei a ouvir teu Coração. Que bom! Muito obrigado! Amém.
Sagrado Coração de Jesus, eu confio em ti!
Para guardar: Teu coração: lugar de encontro amoroso!
25º Dia: Sábado, 29 de março
NUM MUNDO QUE SE TORNOU “VELHO”
A Escritura: “Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo. ‘Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava pessoa alguma. Na mesma cidade vivia também uma viúva que vinha com frequência à sua presença para dizer-lhe: Faze-me justiça contra o meu adversário. Ele, porém, por muito tempo não o quis. Por fim, refletiu consigo: Eu não temo a Deus nem respeito os homens; todavia, porque esta viúva me importuna, lhe farei justiça, senão ela não cessará de me molestar.’ Prosseguiu o Senhor: ‘Ouvis o que diz este juiz injusto? Por acaso não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que estão clamando por ele dia e noite? Porventura tardará em socorrê-los? Digo-vos que em breve lhes fará justiça. Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?’”. (Lucas 18. 1-8)
O Papa: “Santa Gertrudes de Helfta, monja cisterciense, contou um momento de oração durante o qual reclinou a cabeça sobre o Coração de Cristo e escutou os seus batimentos. Num diálogo com São João Evangelista, ela pergunta-lhe por que razão, no seu Evangelho, não fala do que viveu quando teve a mesma experiência. Gertrudes conclui que ‘a doçura destes batimentos foi reservada aos tempos modernos, para que, ao escutá-los, o mundo envelhecido e morno possa renovar-se no amor de Deus’. Poderíamos pensar que se trata de um anúncio referente ao nosso tempo, um apelo a reconhecer como este mundo se tornou ‘velho’, necessitado de receber a mensagem sempre nova do amor de Cristo? Santa Gertrudes e Santa Matilde foram consideradas entre ‘as mais íntimas confidentes do Sagrado Coração’”. (n. 110)
Refletindo: Santa Gertrudes foi uma das grandes difusoras da devoção ao Coração de Jesus e é muito interessante a perspectiva que ela apresenta sobre a cena bastante conhecida do apóstolo João reclinado ao peito de Jesus. Sim, nosso “mundo novo” está, na verdade envelhecido (provavelmente esclerosado) por seu orgulho e indiferença e também morno por uma fé de conveniência ou crescente esfriamento. Com a mesma mensagem que Jesus nos fez chegar através de Santa Gertrudes, o Papa tem tentado falar a esse mundo e sua voz parece ecoar de forma solitária dentre as lideranças globais. Ao ler as palavras do Santo Padre, o texto das Escrituras que me ocorreu foi o supracitado do Evangelho segundo Lucas, que conjuga o ensino de Jesus sobre o poder da oração e a conclusão em forma de questionamento: “O Filho do Homem achará fé sobre a terra?” (Lc 18, 8). Talvez não falte “religião”, mas e fé verdadeira? Fé que é fraterna, que respeita, que se solidariza, que acolhe, inclui, ama. É o que muitos “religiosos” realmente têm vivido? Não há crise de religião no mundo, mas creio que não podemos falar o mesmo sobre crise de fé, ao jeito de Jesus, ainda que não seja cristã.
Nossa Oração: Abrasa a fé em meu coração, Senhor. Uma fé acolhida como graça, como semente na terra de minha existência, ordenada a crescer e dar frutos, mas que precisa de cultivo e até de defesa, contra os tantos parasitas que a querem matar ou anular o seu poder de transformação. Que eu não engrosse as fileiras desse mundo envelhecido pelo egoísmo, mas seja fermento do teu Reino de amor, justiça e paz. Amém.
Sagrado Coração de Jesus, eu confio em ti!
Para guardar: Torna-me arauto de tua sempre nova mensagem de amor!
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